FRITZ MÜLLER 200 ANOS |
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Descubra o legado científico de Fritz Müller Publicado em: 04/04/2022 às 15:48 Entenda como as pesquisas do naturalista alemão mudaram o rumo da BiologiaPor Caminhos de Fritz Müller 28/03/2022 17h55 Atualizado há 4 dias Foto: Freepik Fritz Müller nasceu na Alemanha, em 1822, mas foi em Santa Catarina que aprofundou a sua paixão pela observação das espécies e publicou um livro que revolucionaria a Biologia como era conhecida. Na obra, intitulada “Für Darwin” – Para Darwin, em português —, Fritz reuniu seu estudo de campo sobre os crustáceos, observando o desenvolvimento de espécies como camarão, caranguejo e siri, abundantes na antiga Desterro, atual Florianópolis. > Bicentenário de Fritz Müller: série de reportagens apresenta a vida e obra A motivação da pesquisa e da publicação do livro está em seu título — Charles Darwin. Ou melhor, na Teoria da Evolução, ideia defendida pelo naturalista britânico no livro “A Origem das Espécies”, publicado na Inglaterra em 1859. Quando finalmente foi lançado na Alemanha, em 1861, Max Schultze, amigo de Fritz Müller, envia um exemplar para o Brasil. Fritz fica maravilhado com o que lê. Charles Darwin apresentou ao mundo e à comunidade científica a ancestralidade comum e a seleção natural, duas ideias que confrontavam o fixismo, teoria bem consolidada na Grécia Antiga que defendia que as espécies eram imutáveis ao longo do tempo. Segundo Darwin, a sucessão de ancestrais faz com que as espécies passem, sim, por modificações ao longo do tempo e que, na natureza, sobrevive não necessariamente o mais forte, mas quem melhor se adapta às condições do ambiente. Uma história de amor e Ciência com Santa CatarinaA história de Fritz Müller como naturalista começa muito antes da publicação de seu primeiro e único livro, publicado em 1864. Nasceu na Alemanha, em 1822, e formou-se em Matemática e História Natural na Universidade de Berlim e em Medicina na Universidade de Greifswald. Greifswald fica localizada na costa do Mar Báltico, entre as ilhas de Rügen e Usedom, e foi lá que Müller começou a observar as espécies. Entretanto, foi só em Santa Catarina que o naturalista começou a dedicar-se de fato à Ciência. Desembarcou junto a outros milhares de imigrantes e instalou-se com a mulher e a filha na recém fundada colônia de Blumenau. Em carta ao irmão Hermann, Fritz afirmou que escolheu viver “com o machado e a enxada, na mata virgem, sentindo-se esplendidamente bem”. Pouco tempo depois, mudou-se para Desterro para lecionar no Liceu Provincial — colégio fundado pela Assembleia da Província. Nesse período, as histórias de Fritz Müller e Charles Darwin se cruzam a ponto de fazer história. O estudo de Fritz, observando os crustáceos, só virou livro justamente por comprovar as ideias de Darwin. > Blumenau tem programação especial para 200 anos de Fritz Müller “Quando eu li o livro de Charles Darwin sobre a origem das espécies, pareceu-me que um dos meios, e talvez o mais seguro, de provar a veracidade das teses nele desenvolvidas seria aplicá-las, o mais minuciosamente possível, a um determinado grupo de animais”, afirmou Müller na introdução de seu livro, Für Darwin. O bicentenário do homem que deixou seu legado científicoAo longo de sua vida em Santa Catarina, Fritz Müller construiu uma sólida e reconhecida carreira científica. Em 1876, foi contratado pelo Museu Nacional como naturalista viajante em caráter oficial, cargo exclusivo para pessoas com formação e conhecimento para preparar coleções zoológicas, botânicas, antropológicas e arqueológicas originadas de diferentes províncias brasileiras. Assim, as coleções eram enviadas ao Museu acompanhadas de estudos e classificações desenvolvidas pelos naturalistas. > Fritz Müller e Charles Darwin: qual a relação entre eles? Fritz Müller publicou nos Archivos do Museu Nacional mais de dez trabalhos. Entre os títulos, estão:
Sobre os lepidópteros, que inclui mariposas e borboletas, Müller publicou 37 trabalhos em diferentes assuntos, como a morfologia de espécies, a relação entre flores e borboletas, a função dos órgãos odoríferos, as máculas sexuais e sobre o mimetismo. Algumas das publicações foram publicadas em revistas internacionais de extrema importância na época, como a Nature, no Reino Unido, e a Kosmos, na Alemanha. Na relação entre plantas e borboletas, Fritz descreve a relação existente entre insetos polinizadores com plantas que mudam de cor durante o mesmo período de floração. Segundo ele, insetos polinizadores evitam as flores alaranjadas e roxas, visitando apenas as amarelas, e que as borboletas aprendem sozinhas que apenas as flores amarelas fornecem néctar, transferindo o pólen de uma flor para o estigma da outra. > Conheça a história de Fritz Müller, o naturalista que impactou SC Ao estudar os crustáceos para comprovar a teoria de Darwin, Fritz fez uma série de análises. Um ponto relevante era a capacidade dos camarões de mudarem de cor dependendo do local em que se encontram, endossando a ideia da seleção natural que sobrevive quem melhor se adapta ao ambiente. “Entre plantas mortas os camarões tomam a cor parda escura das mesmas plantas, faltando a listra dorsal; uma tarde pus em um vidro, em que já havia algumas dúzias de camarões verdes, um destes camarões pardo-escuros; já no fim de poucos minutos não o pude distinguir por ter tomado a cor esverdeada e a listra dorsal pardo-clara dos outros”, afirmou Müller em seu livro. Fritz Müller deixou um legado de 264 publicações em periódicos científicos, recebeu dois títulos de doutor doutor honoris causa em universidades alemãs e é lembrado em toda a comunidade científica como o médico que dedicou sua vida à Ciência. Faleceu em 21 de maio de 1897, em Blumenau, terra que o acolheu e o transformou em um brasileiro de alma. |
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